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27.10.13

30/10 - Rafael Testa

Revisão de crenças em lógicas paraconsistentes:
Novas perspectivas à justificativa coerentista?

Rafael Testa

A revisão de crenças estuda como agentes racionais mudam suas crenças ao receberem novas informações. O trabalho mais influente desta área é a teoria apresentada por Alchourrón, Gärdenfos e Makinson. Nesse trabalho, conhecido como paradigma AGM, foram definidos postulados de racionalidade para os diferentes tipos de mudança de crenças. Desde então a área de revisão de crenças foi influenciada e desenvolvida por diversas disciplinas tais como filosofia, computação e direito.
Trabalhos recentes mostram como o paradigma AGM pode ser compatível com algumas lógicas não-clássicas. Neste seminário veremos como os resultados AGM podem ser aplicados às lógicas paraconsistentes (pontualmente utilizamos como ponto de partida extensões de mbC, uma lógica da inconsistência formal). Serão expostos resultados que garantem a validade dos postulados clássicos a determinadas construções e, quando este não for o caso, diferentes postulados são propostos. Ao final analisaremos a justificativa coerentista proposta por Gärdenfos para a racionalidade dos postulados AGM e discutiremos as contribuições da perspectiva paraconsistente  a estes critérios.

Não será esperada familiaridade com a teria AGM, porém aos interessados em enriquecer a discussão final sugiro a leitura da entrada da SEP referente ao assunto:

Sobre LFIs:

22.10.13

23/10 - Pedro Lemos

SEMÂNTICAS BI-TEMPORAIS E A DEFESA ARISTOTÉLICA DA CONTINGÊNCIA DO FUTURO



Há uma posição atrativa na literatura de que a defesa aristotélica sobre a contingência do futuro, presente no capítulo IX de De Interpretatione, se assenta na permissão de lacunas de verdade (truth-value gaps), alcançada pela quebra do princípio semântico da bivalência, mesmo mantendo a validade irrestrita do princípio lógico do terceiro excluído.
Neste esteio, van Fraassen (1966) e Thomason (1970) apresentaram semânticas com supervalorações que atuam sobre modelos com valorações bivalentes clássicas, permitindo que futuros contingentes apresentem lacunas, o que em tese reflete a intenção inicial de Aristóteles em restringir o princípio de bivalência, mas não o princípio lógico do terceiro excluído, já que nestas semânticas as instâncias do terceiro excluído com futuros contingentes são sempre satisfeitas.
Partindo disto, o seminário terá como intuito explorar três tópicos. Em primeiro lugar, apresentaremos uma semântica de referência bi-temporal, capaz de variar a acessibilidade de acordo com o contexto em que uma sentença sobre o futuro é acessada, de modo que um mesmo contexto de uso é capaz de satisfazer a necessidade e a contingência de uma sentença sobre o futuro. Em segundo lugar, e tendo em tela tal semântica, iremos propor a distinção entre dois níveis semânticos na avaliação de futuros contingentes, o macro-semântico e o micro-semântico.
Por último, iremos sugerir que Aristóteles defende a contingência macro-semântica do futuro, mas não a micro-semântica. Isso explicaria porque Aristóteles defendia a contingência (ou abertura) do futuro, mesmo aceitando tácitamente princípios de cunho determinístico, como o Princípio da Plenitude e da atualização de possiblidades genuínas, que são curiosamente (e perigosamente, para um defensor do Indeterminismo e de Aristóteles) bastante próximos às premissas do mais famoso argumento para o determinismo, o Argumento do Dominador de Diodorus Cronus.


1 van Fraassen, B. (1966): Singular Terms, Truth-Value Gaps, and Free Logic. Journal of Philosophy, Vol.63, No. 17, pp.481-495.

Thomason, R. (1970): Indeterminist Time and Truth-Value Gaps. Theoria, Vol. 36, I. 3, pp.264-281.

15.10.13