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29.4.12

16/05 - Maurício Coutinho

LOCKE ON THE QUANTITY THEORY OF MONEY

Maurício Coutinho, IE Unicamp

SUMÁRIO

As contribuições de Locke à economia monetária tiveram um impacto imenso em sua
época (anos 1690-1696) e mantiveram-se no centro dos debates monetários por mais de
150 anos. De um modo geral, foi muito criticada a concepção de que o valor da moeda
é invariável e determinado pelo “consentimento comum”, enquanto o pioneirismo
na formulação da teoria quantitativa do dinheiro é até hoje admitido. A defesa de
uma “moeda sólida” na crise monetária inglesa do final do século XVII converteu
Locke em uma espécie de patrono da austeridade monetária, pelos séculos afora.
A principal preocupação de Locke foi evitar que a perda de valor da moeda (seja por
redução por lei da taxa de juros, seja por debasement) prejudicasse o nível de atividades.
Neste particular, alinhou-se à linha dominante de pensamento monetário, anteriormente
a Hume: a oferta monetária afeta o nível de negócios. Temos aqui um paradoxo, pois a
teoria quantitativa do dinheiro pressupõe o inverso, ou seja, que as variações da oferta
monetária exerçam impacto sobre o nível de preços.
Outro paradoxo do pensamento monetário lockeano: sua posição contrária ao
debasement supõe que o valor da moeda seja invariável (ecos do Segundo Tratado
sobre o Governo); já a teoria quantitativa da moeda, assume a variação do valor da
moeda.
O propósito do texto é discutir todas estas dimensões, em princípio incompatíveis, da
teoria monetária de Locke: valor invariável da moeda, aceitação de que a moeda não é
um standing value (seu valor varia), aceitação de que a retração na oferta monetária
afeta o nível de atividades, assim como nível de preços. Destaque especial será dado
à visão de Locke sobre contrato, a qual fornece uma boa pista para entendermos suas
posições no debate monetário inglês e na teoria e política monetária de modo geral.

ABSTRACT

Although directed to the English monetary debates of the 1690s, Locke’s monetary
thinking had an enduring impact on monetary theory. He is not only acknowledged as
a forerunner of the quantity theory of money, but, at least until 1850, his contributions
were taken as a point of reference for many monetary debates and theories. Locke
was especially concerned with the fact that debasement and fixing by law the interest
rate would retract the supply of money, thus harming trade – that is, depressing the
economic activities. In this respect, Locke kept aligned with the dominant 17 th and
early 18th century stand: money as determinant of trade. Paradoxically, quantity theory
of money, also endorsed by Locke, implies the opposite, or the neutrality of money
(money impacts prices).
Another Lockean paradox: echoing the Second Treatise of Government, his opposition
to debasement assumed the invariability of the value of money. Yet, quantity theory
presupposes the opposite, that is, that the value of money varies.
The paper aims at discussing the many dimensions, not always compatible, of Locke’s
monetary thinking: invariable value of money, acknowledgement that money is
not always a standing value, negative impacts of a retraction of money supply on
production, impacts on the price level. It will be argued that Locke’s conception of

contracting is instrumental to the understanding of his stand on the English monetary
debates and on monetary theory and policy, in general.

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